Terça-feira, 19 de Maio de 2009

RODA DE LEITURA... À roda do romance de SARAMAGO

 

BIBLIOTECA

19 de Maio - feira: 12.00 horas / 13.00 horas

 

                                              

 

«Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construíu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.»

 

 

 

O lugar de José Saramago nas letras portuguesas é inquestionável, não só pelo Nobel, mas pela marca que a sua obra deixará na História da Literatura Portuguesa. O romance de Saramago, Memorial do Convento , é uma narrativa fantástica povoada por personagens históricas contaminadas por outras oriundas das histórias maravilhosas.


Para além dos múltiplos factos socioculturais, históricos, referentes ao século XVIII, perspectivados de forma irónica, José Saramago coloca-nos dentro das relações humanas, dentro dos conflitos íntimos e pessoais de homens e mulheres de origens diferentes e dentro dos sonhos de quem caminha mais à frente, na vanguarda da sua época...

post-scriptum às 16:16

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Quarta-feira, 11 de Março de 2009

RODA DE LEITURA...

À roda do texto dramático de STTAU MONTEIRO

 

 

«Esta última Roda conseguiu, mais uma vez, ser inovadora. Desta vez, teve como fundamentais alicerces a capacidade abstractiva, imaginativa e interpretativa dos participantes. Foi deveras interessante o facto de se ter “alargado” o campo explicativo do texto do ‘Felizmente Há Luar!’. Isso exigiu tanto o esforço dos actores mas, sobretudo, dos “pseudo-encenadores”, pois foram eles que se abstrairam do texto assimilado nas aulas, e imaginaram outros subtextos completamente diferentes, e mesmo, diria eu, exagerados. Mas mesmo assim, isso só revela o quão variadas são as nossas linhas de criatividade e, até, de devaneio fantasioso.

Aproveito também para elogiar os actores participantes pela enorme qualidade das suas representações interpretativas. Não só... Também pelo facto de se terem mostrado pessoas conscientes e críticas, pois não só se designaram a representar consoante os vários “encenadores” de plateia assim o exigiam, mas também obrigaram-nos a concluir que o esforço interpretativo é fundamental para o nosso enriquecimento intelectual. Não devemos apenas tomar o papel de espectador e/ou leitor passivo, que vê, ouve, ou lê, mas sim do que olha, escuta, ou descodifica nas interlinhas. Devemos ser interventivos, pensarmos no que está a ser representado e/ou lido.

Gostei de ter participado nesta Roda de Leitura»

Sílvia Diniz  - nº 29 - 12º A 

 

 

A Raquel Teixeira (nº 20/12º B) escreveu este comentário:

 

«Gostei muito de participar nesta roda de leitura. Acho que a participação dos actores foi muito boa e divertida, até porque nos puseram a pensar noutras formas de representar, ler/interpretar o texto dramático. Gostei particularmente da proposta dos actores, foi muito original e acabou por ser muito interessante, mesmo com encenadores tão criativos, os actores estiveram muito bem.» 

                                                                           

  

 

«Gostei muito desta roda de leitura. Penso que um texto dramático só fica completo quando actores o representam, lhe dão alma e principalmente voz. Obrigada à professora e aos actores por nos presentearem com esta boa experiência, que gostava que se voltasse a repetir.»

 

                                                            Cátia Figueiredo (nº 8/12º B)

 

                                                         

 

«Foi a 1ª vez que assisti a uma Roda de Leitura e fiquei deveras  impressionado.

Pelo que vi e ouvi, percebi que ler não é a única preocupação que devemos ter, mas sim interpretar!... Através das palavras proferidas por um actor consegue-se interpretar um texto de várias maneiras... O que nos leva a pensar e a perguntar: "Será que foi isto que o autor pensou?"

 

                                                                      Gabriel Lourenço - nº 13 - 12º A

 

   

 

«Na minha opinião esta Roda de Leitura foi bastante inovadora, pois demonstrou como uma só cena de teatro pode ser interpretada de diversas maneiras, podendo transmitir ao público sentimentos diversificados.
Foi também uma experiência enriquecedora, devido ao facto de ter adquirido conhecimentos que anteriormente não tinha. E tudo isto só foi possível devido à grande qualidade interpretativa dos actores.» 

                                                                    Mário Rodrigues - nº19 - 12º A

post-scriptum às 15:30

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Quarta-feira, 4 de Março de 2009

RODA DE LEITURA

                                    

 

...à roda do texto dramático de Sttau Monteiro

 

                                                                    

 

     com Sara de Castro e Raul Atalaia

    

            na B.E./C.R.E. 

 


 

Uma das personagens deste texto dramático (Sousa Falcão) afirma:

«Há homens que obrigam todos os outros homens a reverem-se por dentro...»

 

«Felizmente há luar!» é um texto que convida à reflexão.

As palavras gritadas pelas personagens também obrigam os leitores a reverem-se por dentro nas suas máscaras quotidianas, a relerem-se nos papéis que desempenham!...

 

Aguardemos os comentários dos leitores participantes nesta «Roda de Leitura»...

Para que possamos reflectir sobre o acto de ler e de pensar.

 

 

 

 A Carina Batista (nº 7/12º B) escreveu: 

 

«Gostei muito desta roda de leitura... Acho que as rodas de leitura feitas por actores são sempre mais divertidas e recompensadoras. Gostei da forma como os dois actores apresentaram a obra e da maneira que nos fizeram participar.»

                                                                                    

                                     

                                    

 

 

 

 

A Janaína Maurício (nº 15/12º A) escreveu: 

«Esta “Roda de Leitura” foi muito original, diferente das outras que tinha participado até então. A forma como os actores representaram o texto foi muito divertida, foi curioso apercebermo-nos de como um mesmo texto pode ser representado de diversas maneiras, tudo depende da imaginação e qualidade do actor.  Achei muito interessante o facto de os actores convidados não terem representado apenas, conseguiram fazer-nos reflectir não só acerca do texto dramático em si, mas também de diversas coisas que presenciamos no nosso quotidiano.»

post-scriptum às 15:30

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Sexta-feira, 28 de Novembro de 2008

RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

«ante a ficção da alma e a mentira da emoção...»

 

 «Não sei ser triste a valer», leu o Tiago.

 

«Aqui ao leme sou mais do que eu»

 

 «O Mostrengo» lido pela Maria João...

                                               

E a Ana Gonçalves (que não queria ser «fotografada»!...) leu um poema de Fernando Pessoa ortónimo, «Quando estou só reconheço (...) que existo entre outros que são como eu...»

 

Também o Diogo Silvestre e a Jessica leram poemas de  Fernando Pessoa, outros poemas, que não os originalmente escolhidos... Mas valeu o esforço, «valeu a pena, que a alma não é pequena»!...

 

 

«Com um lenço branco digo adeus

  aos meus versos que partem para a humanidade»

 

 

                                               E a Cátia leu os versos  do Alberto Caeiro

                                            «Esse é o destino dos versos», serem lidos!

post-scriptum às 23:38

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RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

«O Menino da sua Mãe»

 

 «Que volte cedo, e bem!»,

                                                   leu a Ana Catarina.

                                                                 

 A «Prece» ou «Mensagem» da Ana Rita:

                                                 "(...) conquistemos a Distância",

                                                 logo seguida da leitura da Raquel,

                                                «Antes de nós mesmos nos arvoredos»

                                                 (Ricardo Reis)

post-scriptum às 23:29

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RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

Um «Apontamento» de Álvaro de Campos

 

   

«Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram»,

 voz enrouquecida e leitura bem expressiva da Sofia.

post-scriptum às 23:20

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RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

     

«Se alguém pensasse na vida, morria de pensamento»,

   leu a Ana Leal.

 

E a Patrícia, que estava mesmo ao lado da Ana?...

A Patrícia leu, de Alberto Caeiro, «Passei toda a noite sem dormir, vendo a figura dela...»

Leu lindamente, como sempre, com muita intuição   interpretativa, com «alma de poeta»!... (Não quis ser fotografada.) 

post-scriptum às 23:00

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RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

«Não tenhas nada nas mãos

  Nem uma memória na alma»

 

 «Segue o teu destino...» dito pela Janaína

 

Ou como escreveu Alexandre O'Neill, «Sigamos o cherne»...

 

«Sigamos o cherne, minha Amiga!...
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria ...

Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado ...

Sigamos pois o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentindo o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...»

Ouçamos pois Alçada Baptista dizer Alexandre O'Neill e «seguir o cherne» acompanhado de Maria Bethânia que canta Ricardo Reis e «segue o seu destino»...

 http://www.youtube.com/watch?v=V5dEZDMjOWU

 

 

«Esta Roda de Leitura, tal como seria de esperar, foi muitíssimo divertida e interessante. Com a poesia de Fernando Pessoa (ortónima e heterónima) cada um leu expressivamente o poema escolhido e apresentou aos restantes participantes. Uma das coisas que achei interessante foi o facto de ter havido uma maior adesão, uma maior preferência para a poesia ortónima e para o heterónimo Alberto Caeiro. Evidenciando assim uma oposição de ideologias, uns preferiram o lado racional de Pessoa, outros a perspectiva sensacionista dos poemas de Caeiro. Foi divertido escutar como cada um declamava o seu poema, uns com mais alegria, outros mais melancólicos, dependendo da temática representada. Como Maria Bethânia e Alçada Batista, apesar de ambos os poemas se focalizarem numa temática semelhante, o destino, a vida, o cherne, ambos os declamam e expressam de formas diferentes. Essa diferente expressão, na minha opinião deve-se ao facto de os dois poemas terem formas de ver e viver a vida quase antagónicas. Pergunto-me, qual delas será a melhor?... Penso que devemos adoptar a de O´Neill...

Sigamos pois o cherne, antes que venha boiar ao lume de água…»

 

Janaína Maurício - nº15 - 12ºA

 

post-scriptum às 17:21

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RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

«A espantosa realidade das coisas

  É a minha descoberta de todos os dias.»

 

 «Gato que brincas na rua»

                                                  lido expressivamente pela Sílvia  

                                                  que depois fez o seguinte comentário:

 

«Esta última Roda de Leitura em homenagem a Fernando Pessoa foi deveras gratificante. Afinal, é sempre um prazer ler e ter oportunidade de interpretar os poemas deste poeta excepcional, aliás, um verdadeiro intelecto invulgarmente genial, talvez incompreensível (não esqueçamos que o estudo sobre ele até serviu de tese de muitos mestrados!). Foi muito enriquecedor ouvir não só os poemas do ortónimo, mas também os dos heterónimos, pois nunca é demais depararmo-nos com a superioridade, com a magnitude deste indivíduo, que consegue multiplicar-se em pessoas tão distintas e com índoles tão contrastantes.

Foi uma honra ter participado.» 

                                                                               Sílvia Diniz - nº 29 - 12ºA 

post-scriptum às 17:02

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RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

«A poesia é a emoção expressa através do pensamento.»

 

«Tenho tanto sentimento...»                   

  leu a Ana Luísa, «com sentimento»!...

 

«Porque o único sentido oculto das coisas

  é elas não terem sentido oculto nenhum»

 

 «O mistério das coisas, onde está ele?...» 

                                          Foi assim que o Mário leu Alberto Caeiro.

 

De registar igualmente a participação da Carina Batista e do Miguel Lobo que também leram poemas de Alberto Caeiro.

 

Ah! E a Ana Lisboa e a Sara Beatriz, que transformaram um simples momento de leitura num «dueto» admirável!...

 

Quanto à Ana Sofia, essa teve o gosto de ouvir ler o seu poema preferido pela Prof.ª Margarida Teixeira.

post-scriptum às 16:39

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Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008

RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

Escolher um poema de Fernando Pessoa (o preferido) e partilhá-lo com os outros, lendo-o expressivamente, em voz alta, não foi afinal tarefa impossível, nem sequer difícil para os participantes nesta «Roda de Leitura»!...

 

De facto cada leitor torna-se poeta ao dar voz às palavras do Poeta...

Foi o que aconteceu com a Prof.ª Margarida Teixeira:

                                                                                                        «Não sei se é sonho, se realidade» 

 

Ou, no caso do Prof. João Ribeiro, que até nem é "devoto" de Fernando Pessoa, mas que nos leu o poema «Liberdade» com a magnanimidade típica de um professor de Português!

       «Ler é maçada, estudar é nada.» 

post-scriptum às 19:34

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Quarta-feira, 26 de Novembro de 2008

RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

 Almada Negreiros, Retrato de Fernando Pessoa, 1964

 

«Pedem-me o impossível: que escolha um só texto de Pessoa, o meu preferido. Mas como posso escolher um texto deste autor tão plural? Impossível.» 

(resposta de Paula Morão, Professora Catedrática da Faculdade de Letras de lisboa e Directora da Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas)

post-scriptum às 15:53

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Segunda-feira, 24 de Novembro de 2008

FERNANDO PESSOA(s)

«Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem de génio fazer senão converter-se ele só, em uma literatura?

Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou, quando menos, os seus companheiros de espírito?»

 

                         Júlio Pomar, Triplo Retrato de F. Pessoa, 1982

 

 

 

«Dar a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma.»

 

 

                         Costa Pinheiro, F. Pessoa - Heterónimo, 1978

 

post-scriptum às 22:18

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RODA DE LEITURA... À roda da poesia de FERNANDO PESSOA

Assinalando os 120 anos do nascimento do Poeta

 

 

                             

   

 

«Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
  Não há nada mais simples.
  Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
  Entre uma e outra todos os dias são meus.»

 

 

O que mais se pode dizer além disto? Muita coisa, o grande poeta merece que se conheçam os trabalhos que foram feitos por ele e embora «todos os dias fossem dele», a obra é nossa. Foi o seu legado.

É possível conhecer e homenagear o poeta através da leitura dos seus poemas. Escolha um poema de Fernando Pessoa (o seu preferido) e venha partilhá-lo connosco, lendo-o e comentando-o.

post-scriptum às 17:54

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Quinta-feira, 29 de Maio de 2008

CESÁRIO VERDE - RODA DE LEITURA

                                                                              

 

Esta “Roda de Leitura” foi sem dúvida uma das melhores em que participei!

Achei a ideia da apresentação e leitura dos poemas por parte dos alunos muito engraçada e divertida. Um dos aspectos mais interessantes foi o facto de ter havido uma grande diversidade de poemas lidos, alguns deles para mim até á data desconhecidos. Foi assim uma aula diferente, em que podemos apreciar as diferentes leituras e interpretações que cada aluno fazia do poema escolhido. Achei também muito interessante o facto de haver diversas opiniões relativamente aos poemas de Cesário Verde, alguns alunos preferiram ler poemas relacionados com a mulher natural, onde predominavam os sentimentos puros e verdadeiros, outros escolheram a mulher fatal, preferindo demonstrar a extrema atracção e o desejo que essa mulher despertava no poeta.
A musicalidade, a expressividade, e a inspiração estiveram sem dúvida alguma presentes em todos os alunos, tendo sido esta "Roda de Leitura” não só uma forma de aprendizagem mas também de convívio, esperando assim que se dê no próximo ano lectivo continuidade a esta actividade.

Janaína Maurício - nº 10 - 11º B

 

 

 


 A última “Roda de Leitura” foi interessante; marcou muito pela diferença.
Acabou por ser divertido, para alguns, demonstrar as suas brilhantes potencialidades na leitura interpretativa/expressiva. É curioso percepcionar como divergem as opiniões relativamente à selecção dos poemas de Cesário Verde, consoante as temáticas que estes abordam. Este facto, efectivamente, só veio mostrar o quão subjectivas são as nossas sensibilidades artísticas.
Espero, muito sinceramente, que “rodas” como esta se repitam num futuro próximo. Já que houve tanta expressividade e inspiração, para o próximo ano porque não interpretar textos dramáticos?...

De qualquer forma, é importante dar continuidade a estas actividades, não só pela vertente didáctica, mas também pela vertente de socialização.

Sílvia Diniz - nº 23 - 11º B

 

 

 

 

Esta "Roda de Leitura" inserida numa aula de Português foi algo único, muito especial, e até essencial para compreender e conhecer, de maneira mais abrangente, a obra de Cesário Verde, pois

Nada melhor, que poemas declamar
para neles se conseguir expressar
o que a alma não consegue calar
mas o coração anseia esconder.


O pior foi ter de escolher,
entre tantos, um único poema
que se iria tornar nosso lema,
nossa imagem própria de Cesário.

Porque a poesia é algo que nasce com o ser, e cada poeta tem sua magia, no futuro espero que se repita esta fabulosa ideia da "Roda de Leitura", com versos de Pessoa, porque...
                                                      A poesia, é a chama da maresia!
                                                      A dor do coração!
                                                      A vida transbordando de emoção!
                                                      Poesia, é a minha paixão...

Também acho que seria bastante interessante que no próximo ano fosse realizada uma "Roda de Leitura" baseada no Memorial do Convento de Saramago, pois nada melhor para incentivar a leitura do que esta grande obra, em que a critica é feita com grande mestria e cuja história é simplesmente fabulosa.


Ana Cruz - nº 2 - 11º B

 

 

 

 

Esta "Roda de Leitura" foi sem duvida a mais dinâmica em que participei!

De modo subjectivo, cada aluno interpretou o poema escolhido com toda a expressividade e sentimento possível, assistindo-se a interpretações repletas de bastante qualidade.
Gostei bastante desta "Roda de Leitura" pois sempre foi do meu agrado ler poemas em voz alta e é sempre um prazer partilhar leituras com colegas e professores.
Tal como as minhas colegas, também eu gostaria de realizar mais Rodas de Leitura deste género pois deste modo os alunos debruçam-se sobre os textos em causa, conseguindo interpretar e perceber melhor o que o autor pretende transmitir.
Estas Rodas de Leitura também têm o seu lado lúdico; tornam-se em aulas completamente diferentes e muito mais participativas e proporcionam aos alunos uma aprendizagem mais eficaz. E assim os alunos têm um maior empenho e interesse em perceber os textos que estão a ler!

E acabo assim o meu comentário,
Esperando por uma nova Roda de Leitura,
À volta de um texto dramático
O que irá ser uma grande aventura!

 

Cátia Pinto - nº 5 - 11º B

 

post-scriptum às 17:58

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Sexta-feira, 16 de Maio de 2008

RODA DE LEITURA

...À RODA DA POESIA DE CESÁRIO VERDE

 

                       1855-1886

 

«E a mim, não há questão que mais me contrarie

  Do que escrever em prosa.»

     .....................................................................

 

«E apuro-me em lançar originais e exactos,

  Os meus alexandrinos...»

 

                                           Contrariedades, 1876

 

 


 

      E os alunos também se apuraram em lançar as suas vozes,

       dando voz às palavras do Poeta...

 


 

  Ana Carolina & Ana Xavier

 

  

 

Leitura do poema «Arrojos»...

Uma leitura bem expressiva e bem ritmada.

Foi a preferida pela maior parte dos alunos!

 

 

               Patrícia

 

    

 

Leitura do poema «Deslumbramentos»

Uma excelente interpretação a solo...

                                       

Como escreveu Octávio Paz:

«Cada leitor é outro poeta...»

 

 

      Sílvia & Janaína

 

   

 

Leitura do poema «Flores Velhas».

De facto a leitura expressiva do poema

é também um trabalho de criação poética!

 

 

     Sofia & Edgar

 

    

 

Leitura do poema «Vaidosa».

                                       

Um belo dueto!...

O Edgar interpretou muito bem as palavras do Poeta. 

 

 

                Cátia 

 

      

 

Leitura do poema «Deslumbramentos».

                                                            

A melhor maneira de compreender um poema,

é ouvi-lo... E a Cátia leu muito bem!

 

 

            João & Nuno

 

     

 

Leitura do poema «De tarde».

Uma leitura bem colorida.

                                        

Só faltou o ramalhete rubro de papoulas...

(nas mãos do Nuno, claro!)

 

 

                 Rafael

 

           

 

Leitura do poema «Arrojos».

Uma interpretação masculina e arrojada!...

 

                      

           Micaela

 

   

 

Leitura do poema «A Forca».  

Voz expressiva e bem modelada...

                                                                   

 

 

                Vasco

 

     

 

Leitura do poema «Cinismos».

E o leitor, dando voz às palavras do Poeta:

«E eu hei-de, então, soltar uma risada.»

E soltou mesmo...

 

 

    João & Ana Luísa

 

 

 

Leitura do poema «A Débil» em versão dialogada :

 

«Eu, que sou feio, sólido, leal,

A ti, que és bela, frágil, assustada,

Quero estimar-te, sempre, recatada

Numa existência honesta, de cristal.»

 

 

            Ana Luísa

 

   

 

Leitura do poema «Heroísmos».

Uma interpretação carregada de melancolia

numa voz cheia de melodia...

                                        

 

          Francisco

 

    

 

Leitura do poema «Lágrimas».

«Um banho de água salgada»!...

 

 

  Renato & Henrique

 

  

 

Leitura do poema «Nós».

                                    

O poema foi escolhido pelo seu realismo. 

Uma escolha interessante!

 

 

               Raquel

 

   

 

Leitura do poema «Num Álbum».  

O último do «Livro de Cesário Verde»...      

                                              

 

               Renato

 

 

 

 Leitura de um poema sem título, dedicado

 a uma «beleza escultural, grega, simpática».

 Uma leitura inspirada!...

                                               

post-scriptum às 00:09

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Quinta-feira, 15 de Maio de 2008

HOMENAGEM POÉTICA DE FERNANDO PESSOA

              A CESÁRIO VERDE

 

                     

 

   «Ao entardecer, debruçado pela janela,

  E sabendo de soslaio que há campos em frente,

  Leio até me arderem os olhos

  O livro de Cesário Verde.

 

  Que pena que tenho dele! Ele era um camponês

  Que andava preso em liberdade pela cidade.

  Mas o modo como olhava para as casas,

  E o modo como reparava nas ruas,

  E a maneira como dava pelas coisas,

  É o de quem olha para as árvores,

  E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando

  E anda a reparar nas flores que há pelos campos...»

 

                                       Alberto Caeiro, Poemas

 

                                       

 

 Ah o crepúsculo, o cair da noite,

 o acender das luzes nas grandes cidades

 E a mão de mistério que abafa o bulício,

 E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe

 Para uma sensação exacta e precisa e activa da Vida!

 Cada rua é um canal de uma Veneza de tédios

 E que misterioso o fundo unânime das ruas,

 Das ruas ao cair da noite, ó Cesário Verde, ó Mestre,

 Ó do «Sentimento de um Ocidental»!

 

                                      Álvaro de Campos, Poesias

                                              

post-scriptum às 21:21

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Quarta-feira, 2 de Abril de 2008

RODA DE LEITURA

 

... à roda de textos do Padre António Vieira 

                                               

                                                       

... com o Padre António Vaz Pinto

              

 

“Temos algumas coisas em comum: ambos nos chamamos António, ambos nascemos em Lisboa, ambos somos jesuítas e, enfim, ambos acreditamos que é essencial defender a tripla constituída pela fé, pela justiça e pela cultura.” (transcrição das palavras do Padre António Vaz Pinto respondendo a uma aluna sobre um hipotético paralelismo de caminhos percorridos) 

                                                    in http://nestahora.blogspot.com

 


 

Esta foi uma ocasião privilegiada para ficarmos a conhecer o Padre António Vaz Pinto – excelente comunicador tal como o Padre António Vieira (outra característica comum) – que veio até à Escola Secundária de Palmela para participar numa Roda de Leitura sobre o Padre António Vieira (em pleno Ano Vieirino) e para pregar a estes peixes, nossos alunos…

O Padre António Vaz Pinto leu um excerto do Sermão do Espírito Santo que também constitui uma perfeita alegoria do trabalho docente:

«E ninguém se escuse — como escusam alguns — com a rudeza da gente, e com dizer, como acima dizíamos, que são pedras, que são troncos, que são brutos animais, porque, ainda que verdadeiramente alguns o sejam ou o pareçam, a indústria e a graça tudo vence, e de brutos, e de troncos, e de pedras os fará homens. Dizei-me, qual é mais poderosa, a graça ou a natureza? A graça, ou a arte? Pois o que faz a arte e a natureza, por que havemos de desconfiar que o faça a graça de Deus, acompanhada da vossa indústria? Concedo-vos que esse índio bárbaro e rude seja uma pedra: vede o que faz em uma pedra a arte. Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe, e, depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro membro a membro, e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afila-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos; aqui desprega, ali arruga, acolá recama, e fica um homem perfeito, e talvez um santo que se pode pôr no altar. O mesmo será cá, se a vossa indústria não faltar à graça divina. É uma pedra, como dizeis, esse índio rude? Pois, trabalhai e continuai com ele — que nada se faz sem trabalho e perseverança — aplicai o cinzel um dia e outro dia, dai uma martelada e outra martelada, e vós vereis como dessa pedra tosca e informe fazeis não só um homem, senão um cristão, e pode ser que um santo.»

                                                            

E assim «tudo vale a pena (se a alma não é pequena)» vale a pena para o escultor, vale a pena para o padre e vale a pena para o professor, tal como o Padre Vaz Pinto escreveu: «vale a pena ser homem, ser cristão, ser padre, ser jesuíta... Vale a pena viver.»

                                                                      Maria do Céu Couto

 

 

                            C.R.E. / BIBLIOTECA

                                          DA

            ESCOLA SECUNDÁRIA DE PALMELA

 

        

 


 

 

 

 

            

                                                                                                                     
«O que mais gostei nesta Roda de Leitura foi a conversa aberta com o Padre António Vaz Pinto, as perguntas/respostas, as histórias que contou, a carta que leu de Vieira, bem como o primeiro excerto que leu dos Sermões do Padre António Vieira. 
Acho que nós, alunos, deveríamos ter participado mais, com trabalhos nossos, para que a Roda fosse mais dinâmica.
Esta Roda foi para mim enriquecedora pois tivemos contacto com uma pessoa especial que já fez muito no domínio da religião e da cidadania, uma pessoa com muito valor que me fez pensar (apesar de ter uma forma de ver as coisas muito diferente da minha!...) 
Fico à espera de uma última Roda de Leitura para nos despedirmos deste ano em beleza pois esta, na minha opinião, teve altos e baixos (em alguns momentos foi fascinante e muito interessante, noutros, um pouco maçadora...) Mas no conjunto gostei.»

                                                                          Carina Batista - nº 5 - 11º C

 

 
     
                                                                                                                         

«Das Rodas de Leitura em que participei, esta foi sem dúvida a que foi mais do meu agrado!
A presença do Padre António Vaz Pinto foi muito oportuna pois, melhor que ninguém, este padre jesuíta conseguiu falar e transmitir a sua opinião relativamente ao Padre António Vieira e à sua obra.
O Padre António Vaz Pinto pareceu-me uma pessoa espectacular e também bastante culta; o seu modo de falar e de estar contagiou todos os jovens presentes naquela biblioteca, fazendo-os reflectir através de palavras ditas com austeridade e convicção. Foi um grande privilégio!»
 
                                                                                   Cátia Pinto - nº 5 - 11º B
                                                                                                                            

                                                                                                                           

«Estava à espera de uma maior participação por parte dos alunos tal como uma análise e discussão mais activa relativamente ao Sermão de Santo António aos Peixes, visto que este foi o único texto que estudámos do Padre António Vieira. No entanto achei interessante algumas das questões que colocaram ao Padre António Vaz Pinto, especialmente aquelas mais controversas. Achei também curiosa a forma como o Padre António Vaz Pinto vê a vida e o que nela é mais importante, apesar de não concordar totalmente com algumas das suas ideias, foi uma oportunidade muito interessante de ouvir outro ponto de vista e de reflectir sobre ele. Embora a Roda tivesse tido alguns momentos mais maçadores, posso concluir que foi uma experiência bastante enriquecedora. Tendo sido assim uma excelente oportunidade de reflectirmos um pouco sobre a vida em si e de descobrirmos outras facetas do Padre António Vieira, para mim até aí desconhecidas.»

                                                          Janaína Maurício - nº 10 - 11º B


 

 

«O Padre Vaz Pinto, conseguiu, sem dúvida, captar a nossa atenção e dar-nos a oportunidade de reflectir sobre a vida extraordinária do Padre António Vieira, dando-nos também a conhecer certos pormenores mais desconhecidos.

Gostei especialmente de ouvir ler alguns excertos do Sermão do Espírito Santo, desconhecido para mim! Achei interessantes as perguntas dos meus colegas, assim como as respostas dadas pelo senhor Padre.

Foi sem dúvida uma grande Roda de Leitura! Gostei bastante!»


                                                         Maria João Oliveira - nº 14 - 11º C


 

«A presença do Padre António Vaz Pinto nesta Roda de Leitura foi um privilégio, pois com as suas palavras cheias de sabedoria conseguiu captar a atenção de todos e fazer reflectir, quer sobre o Padre António Vieira, quer sobre a vida quando respondeu a algumas perguntas feitas pelos meus colegas.
Achei interessante a abordagem de alguns excertos do Sermão do Espírito Santo e a maneira como o Padre Vaz Pinto interpretou a sua mensagem alegórica. Gostei muito desta Roda de Leitura!»

                                                             Raquel Teixeira - nº 16 - 11º C

 


«
Gostei muito desta Roda de Leitura, pois além de descontraída foi sobre um assunto muito interessante que nos cativou a todos.
O Padre Vaz Pinto mostrou alguns aspectos curiosos do Padre António Vieira e, ao mesmo tempo que nos falou do passado e da mentalidade da época deste padre, ainda nos deu alguns conselhos para o futuro. Foi muito interessante!»

  

                                                               Cátia Pereira - nº8 - 11ºC


 

                                                        Prof.ª Deolinda Ferreira 

                                                                                                                      Prof.ª Emília Peres     

                                                                                                                      Prof. João Ribeiro

                                                                                                                                                                           

O Prof. João Ribeiro, que dirigiu o convite ao Padre Vaz Pinto e simpaticamente diligenciou a sua participação nesta Roda de Leitura, escreveu:

«O padre António Vaz Pinto testemunhou-se e testemunhou a sua fé, ao mesmo tempo que assinalou a grandeza do outro jesuíta que aqui o trouxe – António Vieira – no contexto do seu tempo e com valores que podem ser referências para a actualidade. O discurso não foi distante e, pelo caminho, ficaram ainda alguns conselhos para estes jovens, sobretudo numa perspectiva de encararem o seu tempo e o seu futuro.»

  

post-scriptum às 18:54

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Segunda-feira, 31 de Março de 2008

PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1608-1697)

 

               

 

«Há homens que são como as velas;

sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros.»

 


 

António Vieira foi um padre jesuíta do século XVII, missionário e diplomata, que passou parte da vida no Brasil e ficou para a história como precursor na defesa dos direitos humanos e grande prosador da língua portuguesa.

                                                                                                   

Há quatro séculos, e ao longo de 89 anos de vida, atravessou sete vezes o oceano Atlântico e percorreu milhares de quilómetros no Brasil, Amazónia incluída, tendo deixado uma vasta obra literária, composta por 200 sermões, 700 cartas, tratados proféticos e dezenas de escritos filosóficos, teológicos, espirituais, políticos e sociais. Fernando Pessoa chamou-lhe «Imperador da Língua Portuguesa».

Nasceu no dia 06 de Fevereiro de 1608 na Freguesia da Sé, em Lisboa, primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Revasco, um escrivão de origem alentejana cuja mãe era negra, e de Maria de Azevedo, lisboeta, e partiu para o Brasil com a família aos sete anos de idade.

Em Salvador da Bahia, frequentou o Colégio dos Jesuítas e entrou para a Companhia de Jesus em 1623.

Antes de ser ordenado padre, em 1634, já proferira os primeiros sermões e rapidamente adquiriu fama de notável pregador, começando a catequizar indígenas e tornando-se seu defensor, depois de ter aprendido as respectivas línguas - estes chamavam-lhe «Paiaçu», que significa «Pai Grande».

Em 1641, após a restauração da independência de Portugal, regressou a Lisboa, onde conquistou a amizade e confiança do rei D. João IV que, ao longo de 11 anos, o incumbiu de difíceis e perigosas missões em França, na Holanda e em Itália.

Acreditava veementemente na vocação expansionista portuguesa, tendo escrito num dos seus sermões: «Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento e tantas terras para a sepultura. Para nascer, pouca terra, para morrer, toda a terra; para nascer, Portugal, para morrer, o mundo».

Nunca deixou de seguir estritamente as regras da retórica e de se subordinar aos interesses da Companhia de Jesus, afirmando-se sempre como um homem de fé.

«Nenhuma cousa quero senão acertar com a vontade de Deus, pelos meios que ele deixou neste mundo para a conhecermos», declarou, numa carta enviada do Estado do Maranhão ao padre André Fernandes, em 1654.

Todavia, quando os interesses da Coroa se sobrepunham aos dos Jesuítas, defendem os estudiosos que Vieira privilegiava os da Coroa.

Assim se entende que, nas suas missões pela Europa ao serviço de D. João IV, além de ter negociado a aquisição de Pernambuco aos holandeses, tenha também angariado fundos para a guerra contra Castela e para financiar as Companhias Comerciais do Ocidente e do Oriente, comprado munições e recrutado mercenários.

Para António Vieira, Portugal era um instrumento da providência divina, fundador de uma nova era da cristandade e estava destinado a ser, depois dos caldeus, persas, gregos e romanos, aquilo que designava como Quinto Império - e a dinastia de Bragança era a escolhida para difundir o catolicismo nos novos territórios, entre as novas gentes.

Em 1652, regressou ao Brasil, mais precisamente ao Maranhão, e tornou-se missionário, mas acabou por ser perseguido e expulso pelos colonos, por combater ferozmente a escravatura dos índios nas plantações de cana do açúcar.

De regresso a Portugal em 1661, cinco anos após a morte de D. João IV, e sem a sua protecção, António Vieira foi finalmente apanhado pela Inquisição, que o perseguia há uma década, e condenado como herege por ter usado um texto não-canónico para fazer profecias, numa carta pessoal que lhe foi confiscada.

Passou cinco anos na prisão do Santo Ofício em Coimbra antes de partir para Roma para tentar que a sua sentença fosse revista, aí permanecendo durante seis anos, em que pregou à Corte Pontifícia e à exilada rainha Cristina da Suécia, de quem se tornou confessor.

Apesar do êxito alcançado com os seus sermões em italiano, assim que obteve, em 1669, o perdão do Papa - que o livrou para sempre da jurisdição da Inquisição - regressou a Lisboa.

Em 1681, com 73 anos, rumou novamente ao Brasil, na sua sétima viagem transatlântica, e aí viveu, na Bahia, até ao fim, em 1697, aos 89 anos.

Tolerância, convicções humanistas e um forte sentido patriótico caracterizaram o homem que se bateu, há 400 anos - em língua portuguesa - pelo respeito das diferentes culturas que falam a mesma língua, a defesa do direito a diferentes religiões e às liberdades, opondo-se à opressão e à escravatura, e a luta pela identidade própria e respeito da dos outros.

Em suma, lutou pela construção de uma cidadania global, numa época em que, em consequência das mudanças culturais resultantes de uma primeira globalização, todos os povos e culturas passaram a estar em contacto uns com os outros.

Em pleno século XXI, os estudiosos consideram que é essa a actualidade da vida e obra do Padre António Vieira: vive-se novamente uma época de globalização e, como ele escreveu, «a história é aquele espelho em que olhando para o passado se antevêem os futuros».

Em Portugal, a maioria identifica-o apenas como o autor do «Sermão de Santo António aos Peixes», uma obra que pertence há anos ao programa da disciplina de português do Ensino Secundário e que é invariavelmente encarada com bocejos de desinteresse.

No Brasil, chamam-lhe «Antônio» Vieira e consideram-no um escritor brasileiro.

Em ano de efeméride, 400 anos volvidos sobre o seu nascimento, o homem de Deus e do mundo será relembrado de ambos os lados do Atlântico.

 

O PADRE ANTÓNIO VAZ PINTO

 


                                                                                   

            

                                                                                                                                 

De uma família originária de Arouca, nasceu em Lisboa em 1942;

Estudos secundários no Colégio S. João de Brito em Lisboa;  

Estudou Direito na Universidade Clássica de Lisboa (até ao 4º Ano);

Entrou no Noviciado da Companhia de Jesus em Soutelo - Braga, em 1965;

Licenciatura em Filosofia em 1970;

Licenciatura em Teologia em Frankfurt (1971-1975); 

Ordenação Sacerdotal em 1974;

Director do Centro Universitário Manuel da Nóbrega em Coimbra (1975-84);

Capelão da Universidade de Coimbra em 1979-84;

Director do Centro Universitário Padre António Vieira em Lisboa;

Assistente da Rádio Renascença em Lisboa, em 1984-97;

Fundador da ONGD Leigos para o Desenvolvimento (1986);  

Fundador e Director do Centro Escolar de Apoio a Imigrantes S. Pedro; Fundador e membro da Direcção do Banco Alimentar Contra a Fome (1992);

Reitor da Comunidade Pedro Arrupe (formação de jovens Jesuítas) em Braga;

Professor de Filosofia da Universidade Católica de Braga;

Assistente Nacional das CVX (1998);

Superior da Residência do Porto da Companhia de Jesus;

Reitor da Basílica do Sagrado Coração da Póvoa do Varzim (2001);

Formação do Centro Comunitário de S. Cirilo, no Porto.

 

post-scriptum às 11:50

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Domingo, 30 de Março de 2008

Sermão de Santo António aos Peixes

Pregado em S. Luís do Maranhão, três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino (1654).

 Santo António a pregar aos peixes, séc. XVII

 
«Vos estis sal terrae» - S. Mateus, V, l3
 
 

I

 

Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo ; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!

Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar, que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra? O que se há-de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras et conculcetur ab hominibus. «Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há-de fazer, é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.» Quem se atrevera a dizer tal cousa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador que ensina e faz o que deve, assim é merecedor de todo o desprezo e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra ou com a vida prega o contrário.

Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra que se não deixa salgar, que se lhe há-de fazer? Este ponto não resolveu Cristo, Senhor nosso, no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António , que hoje celebramos, e a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou. Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino , contra os hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele e faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer esta protestação; e uns pés a que se não pegou nada da terra não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh maravilhas do Altíssimo! Oh poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ouviam.
Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos outro. Vos estis sal terrae: É muito bom texto para os outros santos doutores; mas para Santo António vem-lhe muito curto. Os outros santos doutores da Igreja foram sal da terra; Santo António foi sal da terra e foi sal do mar. Este é o assunto que eu tinha para tomar hoje. Mas há muitos dias que tenho metido no pensamento que, nas festas dos santos, é melhor pregar como eles, que pregar deles. Quanto mais que o são da minha doutrina, qualquer que ele seja tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, que é força segui-la em tudo. Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais necessária e importante é a esta terra para emenda e reforma dos vícios que a corrompem. O fruto que tenho colhido desta doutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se tem tomado dele, vós o sabeis e eu por vós o sinto.

Isto suposto, quero hoje, à imitação de Santo António, voltar-me da terra ao mar, e já que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me ouvirão. Os demais podem deixar o sermão, pois não é para eles. Maria, quer dizer, Domina maris: «Senhora do mar»; e posto que o assunto seja tão desusado, espero que me não falte com a costumada graça. Ave Maria.

 

II

 

Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? (...)

 

 

Santo António pregando aos peixes, óleo de Paolo Veronese, 1580 

 

post-scriptum às 23:33

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Segunda-feira, 21 de Maio de 2007

RODA DE LEITURA COM CHEIRO A ERVA-CIDREIRA

 

 

Dolores Matos, uma actriz dando voz a uma personagem feminina

com cheiro a erva-cidreira...

                                                                    +

                                       Um grupo de alunos da Roda de Leitura

                                  na Biblioteca da Escola Secundária de Palmela

 

                                             

 

       Foi divertido.... Partilhar leituras e «teatrar»!...

 

 

 Comentários:   


 

 

Apesar de não ter tido disponibilidade para presenciar todas as «Rodas de Leitura», considero que esta foi a melhor de todas. Foi muito envolvente.
Aguardo ansiosamente a próxima Roda...
Se não for este ano, será no próximo. Será sempre bem-vinda!..

Prof.ª Mª José Ribeiro (Biblioteca/C.R.E.)

                                                                                                

 

 

Esta Roda de Leitura foi a melhor, a mais fantástica e fascinante de todas as que fui.
Com este texto, bastante provocatório e divertido, foi-nos possível aprender a interpretar uma personagem.

A ideia da professora de cada um escrever um explicit narrativo foi bastante boa, pois tornou a Roda mais participada e divertida.

A actriz tentou ter um contacto maior connosco, fazendo a sua análise da personagem e dando a sua opinião. Ela disse: “adorava que a minha presença aqui pudesse acrescentar em vocês, nem que seja um grão de areia, o gosto pela leitura”.
Espero que ainda haja outra Roda, uma última, uma grande despedida desta forma de convívio e aprendizagem.
                                                                                     
Carina Batista - nº 7 - 10º C
                                                                                                                                                                    
               
                                                                                                                               

Gostei imenso de participar nesta Roda de Leitura!

Superou bastante as minhas expectativas e a presença da actriz Dolores Matos tornou a Roda extremamente interessante e estimulante, quer a nível de caracterização das personagens, quer a nível dos comentários àcerca dos explicits produzidos pelos alunos.

Penso que esta iniciativa tem vindo a tornar-se cada vez mais gratificante e criativa e fiquei bastante contente por saber da hipótese de participação da actriz noutra Rodas de Leitura do próximo ano.

                                                                       

Micaela Teixeira - nº 15 - 10º B

 

                                                                                                                               

 

 

Esta foi uma das melhores «rodas de leitura» em que participei.

O texto, extremamente provocador, foi um excelente fio condutor para o desenvolvimento da «Roda». Achei a ideia de sermos nós, os alunos, a produzirmos um explicit para o texto, extraordinariamente aliciante. O que veio a concretizar-se e o que permitiu aos participantes trocarem opiniões e descobrirem os diferentes pontos de vista quanto ao desfecho da narrativa.
Na minha opinião, a actriz convidada conseguiu incentivar os alunos a lerem mais, mesmo aqueles que nem apreciam muito a leitura, logo a missão foi cumprida.
Espero assim que se dê continuidade à «Roda de Leitura» para o próximo ano lectivo.

Janaína Mauricio - nº 10 - 10º B

                                                                                         

                                                                                                                

Gostei muito da «Roda de Leitura». 
A actriz foi bastante engraçada a ler o conto e interpretou-o muito bem.
Gostei também de ouvir os explicits de alguns colegas pois estavam muito bem escritos.
Agora que já estamos no fim do ano lectivo já não deve haver mais «rodas de leitura» mas era interessante a professora continuar com esta iniciativa porque também incentiva os alunos a gostarem mais de ler e a interpretar melhor os textos.
                                                                                                        
Ana Sofia Martins - nº 5 - 10º C
 
                                                                                         

Foi simplesmente a melhor Roda de Leitura...
A actriz interpretou bastante bem o papel.
Sem dúvida que gostei muito!

                                                                          

Tatiana Costa - nº 18 - 10º E

 

                                                                                                                         

 

                                                                                                 

Gostei imenso desta Roda de Leitura.
Foi uma das melhores em que participei!
O texto era bastante provocatório e sendo uma narrativa aberta, dava-nos a hipótese de criarmos no nosso imaginário um explicit diferente e a nosso gosto.
A actriz era muito expressiva e soube dar voz ao texto, o que o tornou ainda melhor, além disso deu-nos uma lição sobre como compreender o interior de uma personagem.
Penso que as "Rodas de Leitura" vieram a evoluir ao longo deste ano, por isso julgo que esta iniciativa deveria continuar, pois é uma forma muito divertida de nos aproximarmos mais dos textos e dos temas tratados nas aulas.

                                                                                       

Cátia Pereira - nº 10 - 10º C

                                                                                                                      

                                                                                                                               
     

Gostei imenso desta Roda de Leitura.
Foi muito interessante e uma das melhores em que participei.
Devido ao facto de o texto ser uma narrativa aberta, a Roda de Leitura foi muito interactiva, pois podíamos criar o nosso explicit.
Adorei a leitura da actriz porque era bastante expressiva e soube interpretar muito bem o texto.
Na minha opinião, a iniciativa das "Rodas de Leitura" deveria continuar, pois é uma forma diferente de ler (em roda).

 

Miguel Lobo - nº 29 - 10º C

 

                                                                                                                                

Gostei muito desta «Roda de Leitura». O texto escolhido era bastante interessante e a ideia de serem os alunos a inventar o explicit foi boa.
Gostei bastante da interpretação feita pela actriz, que nos deu uma ideia de como compreender a interioridade psicológica de uma personagem.
Acho que as «Rodas de Leitura» têm vindo a ser cada ver mais dinâmicas e interactivas e espero que esta iniciativa continue.

                                                                                            

Raquel Teixeira - nº 24 - 10º C

                                                                                                                     

                                                                                                                                                    

Gostei muito desta última Roda de Leitura. Foi muito interessante a partilha de explicits... Tanto o texto escolhido, como a actriz convidada, souberam cativar e originar diferentes pontos de vista em relação à situação apresentada.
Para mim, esta foi sem dúvida a melhor Roda de Leitura em que já participei!
Espero que as Rodas prossigam no próximo ano, e que todas elas sejam tão envolventes quanto esta última.

                                                                    

Sílvia Diniz - nº 25 - 10º C

                                                                                                         

 


 

 

                                                                        

 

Foram vários os contadores / as contadoras desta história

com cheiro a erva-cidreira...

                                                

 


post-scriptum às 22:31

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Terça-feira, 8 de Maio de 2007

PRÓXIMA RODA DE LEITURA - 21 DE MAIO

 

 

post-scriptum às 16:53

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Segunda-feira, 7 de Maio de 2007

JOSÉ RIÇO DIREITINHO

                                                                                                                             

José Riço Direitinho nasceu em Lisboa em Julho de 1965, sendo licenciado em Agronomia nas especialidades de Economia Agrária e de Sociologia Rural.
O livro A Casa do Fim marcou, em 1992, a sua estreia literária, tendo publicado depois os romances Breviário das Más Inclinações (finalista do Grande Prémio de Romance e Novela da APE, vencedor do Prémio Ramón Gomez de la Serna) e O Relógio do Cárcere (Prémio Villa de Madrid, entre concorrentes de 26 países).
Viveu em Berlim durante um ano e meio com uma bolsa do Berliner Künstlerprogramm, onde escreveu o livro Histórias com Cidades (publicado em 2001).
Parte das histórias incluídas no presente livro, foram escritas na Ledig House, residência para escritores em Nova Yorque.
Com romances ou contos traduzidos na Alemanha, Holanda, Itália, Espanha, França, Inglaterra e Israel, a sua obra é hoje reconhecida como uma das mais representativas da nova geração europeia.

                                                                                                         Bibliografia:

                                                                      

A Casa do Fim
Breviário das Más Inclinações
Histórias com Cidades
O Relógio do Cárcere
Um Sorriso Inesperado

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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«Monólogo com Erva-Cidreira»

 

«...o amor é uma coisa rara, difícil de encontrar, e que só aparece a poucos, por acaso, uma vez por século, se tanto...»

                                                                   

                                      Hélia Correia,  A Fenda Erótica

 

        

                                                                     

Sei que ele vai chegar hoje. Não que alguém me tivesse dito, mas há quinze anos que espero este forte cheiro a erva-cidreira que agora se sente, depois da chuva. O mesmo cheiro que me entrou pelo nariz quando pela primeira vez ele chegou à vila e eu soube que era para casar comigo, mesmo antes de o ter visto ou de alguém me ter feito o retrato dele. Lembro-me como se tivesse sido ontem pelo meio da tarde: estava sentada no pátio a depenar as galinhas que a minha mãe tinha mergulhado na água a ferver; eram para a festa de anos da minha irmã, a festa onde ela iria anunciar a toda a gente o seu casamento. (...) Tinha o vestido sujo de sangue e senti uma vergonha inexplicável quando notei, no meio do cheiro a carne morta e a enxúndia de galinha, um leve aroma a erva-cidreira. Isto foi três horas antes de ele chegar. De modo que quando entrou pelo portão da quinta, de braço dado com a minha irmã mais velha, já eu tinha mudado de vestido, soltado os cabelos sobre os ombros e posto do perfume dela.

O homem com quem a minha irmã ia casar, e que ela tinha conhecido enquanto estudara na Universidade, entrou em nossa casa no primeiro dia do Verão de há quinze anos. Quando o vi na sala, à contraluz do velho candeeiro de talha dourada, percebi de novo que aquele cheiro a erva-cidreira tinha anunciado o meu casamento e não o dela. Ele ainda mal tinha reparado em mim, e eu tentava ficar sempre na sombra, nas costas dele, admirando-lhe o tom da voz e os modos delicados com que fazia todos os gestos.

Nessa primeira noite em que ele ficou em nossa casa puseram-lhe a mala e fizeram-lhe a cama no quarto ao fundo do corredor, o mais longe do da minha irmã, por uma questão de pudor. Mas o mais perto do meu, por uma questão de destino.

Eu tinha dezassete anos nesse Verão, e de homens não sabia nada. Tinha visto alguns rapazes mais novos do que eu quando tomavam banho no rio. Ia com uma amiga espreitá-los algumas vezes, por entre as canas, enquanto se despiam, e esperávamos sempre até que saíssem de dentro de água para os vermos nus e molhados, deitados ao sol sobre a erva. De maneira que tudo o que se passou nessa tarde me provocou um desejo que eu nunca tinha sentido por ninguém. Todo o meu quarto e as minhas roupas cheiravam nessa noite a erva-cidreira. Mas era um cheiro que só eu sentia; ninguém, durante o serão de festa, se Ihe havia referido.

Retirei-me para o meu quarto antes de todos saírem da sala e antes de brindarem com os cálices de cristal que tínhamos herdado da avó, e que só eram utilizados nas grandes ocasiões. Enchi a banheira de água tépida e emborquei nela um pouco de sais de banho que a minha irmã tinha levado para casa, quando regressou de vez da cidade onde estivera a estudar. Despi-me e olhei-me nos três espelhos do guarda-fato, de portas abertas de modo a que me pudesse ver de quase todos os lados. Poucas ou nenhuma vez olhara assim para mim. Tinha já o tamanho dos seios e o volume de nádegas que há alguns anos me levaram a invejar a beleza da minha irmã, quando uma manhã entrei de repente no seu quarto, irritada com o som estridente do rádio, e a encontrei nua, a dançar aos saltos por cima da cama e da cadeira, até que rompeu num riso cínico e me perguntou se eu não gostaria de ser igual a ela. Depois de ter tomado banho, enquanto procurava uma camisa de noite que a minha irmã me oferecera no Natal anterior, e que eu ainda não estreara, senti que o cheiro a erva-cidreira se tornava cada vez mais intenso. Encontrei e vesti a camisa, era quase transparente e eu não tinha mais nada por debaixo dela.

 

Essa foi a primeira das doze noites em que me levantei, depois de todos terem apagado a luz, e me fui enfiar na cama do homem que a minha irmã mais velha trouxera para a desposar. O mesmo homem que quando partiu, duas semanas depois, para ir buscar as coisas dele e regressar para o casamento, me puxou pelo braço, encostando-me à salamandra do corredor, e me disse: «Sei que voltarei para casar, mas contigo, soube disso quando olhei os teus olhos pela primeira vez.»

 

É esse homem que eu sei que vai chegar hoje, quinze anos depois. Foi por ele que eu arranjei esta casa junto ao rio, onde o espero hoje por causa deste cheiro a erva-cidreira que se pôs no ar logo depois de ter deixado de chover.

 

 

           DIREITINHO, José Riço. «Monólogo com Erva-cidreira», in A Casa do Fim, Ed. Asa, Porto, 1999.

 

 

                               ...e se inventássemos um explicit para esta história?...

 

Sentada debaixo do alpendre, medito sobre os quinze longos anos que esperei e sobre o sofrimento contido, guardado dentro de mim... A ansiedade mistura-se com a recordação do sofrimento da minha irmã que, em vão, aguardou um casamento que nunca se realizou.

Olho... De repente, ao longe, sob uma pequena poeira, vejo-o! Está mais velho, mas mantém aquele ar que nunca esqueci. Abraçamo-nos, não dizemos nem uma palavra, os olhos transmitem tudo quilo que esperámos e sentimos tanto tempo… Agora, juntos, iremos finalmente ser felizes. Temos tanto que aprender e aproveitar! É verdade, o Mundo está à nossa frente, só temos que entrar nele e desfrutá-lo.

E o cheiro a erva-cidreira continua a pairar sob as nossas cabeças, como o nosso amor. Somos felizes…

Tiago Jones – nº 28 – 10º A 


                                                                                                                           

Por fim chegou. Bati à porta duas vezes. Eu já sabia de quem se tratava, pelo cheiro de erva-cidreira intenso que chegava até mim pelas frestas da porta. Abri a porta, saltei-lhe para os braços e beijei-o, como já sonhava desde há quinze anos.
Tal como prometeu, voltou para me desposar, mas disse que teria de esclarecer as coisas com a minha família primeiro, pois ele depois de me ter dito que voltaria para casar comigo, disse à minha irmã mais velha que já não a poderia desposar pois não a amava, mas sim a uma rapariga que viera deitar-se com ele durante doze noites, que era eu, sua irmã mais nova.
Depois desta conversa e de ele se ter ido embora, a minha irmã mais velha contou o sucedido aos nossos pais que imediatamente me chamaram e disseram que eu era uma vergonha para eles e que a partir deste dia teria de sair daquela casa e que não me poderia dizer membro desta família.
Ele ainda foi falar com os meus pais, para não existir rancor nem mágoa entre nós, mas de nada valeu. Voltou para minha casa junto ao rio, que agora é a nossa casa, e disse-me que agora éramos só nós dois e o fruto do nosso amor que irá nascer dentro de cinco meses.

Carina Batista - nº 7 - 10º C

                                                                                                                              


                                                                                                                               

Eterna era a minha espera. Tornara-se insaciável a vontade de sentir aquele cheiro a erva-cidreira que eu tanto desejara, aquele que me fazia amar, desejar e aguardar, mesmo que fosse eternamente. Foi então que, num daqueles minutos da espera tão desejosa, senti cada vez mais forte, aquele cheiro que parecia, também ele, estar dentro de mim...
 És tu! Eu sabia que irias voltar!... Durante quinze anos não me cansei de esperar por ti, de voltar a sentir este cheiro, que inexplicavelmente me faz tão feliz!
 Eu amo-te! - disse ele - E voltei apenas para te olhar mais uma vez... A última, creio. Não poderia partir sem te olhar mais uma vez! Ainda agora cheguei, mas ainda hoje me vou... Tenho um destino incontornável a seguir... Volta para casa! Anuncia à tua irmã a minha morte e ESPERA POR MIM!...Porque certamente ainda nos voltaremos a encontrar... E desta vez, para sempre!
Dito isto, beijou-me e saiu. Nunca mais o voltei a ver. Ultimamente, aquele cheiro tem-se desvanecido... E eu, só agora, deixei de o aguardar...

Micaela Teixeira – nº 15 – 10º B

                                                                                                                             

 


 

                                                                                                                               

Estou neste preciso momento a senti-lo. Sei que quando abrir aquela porta, ele estará lá, sorrindo e emanando aquele odor e eu... Eu estarei em êxtase puro! Ele explicar-me-á as honrosas razões da sua demora, e eu entenderei, como também lhe irei explicar o sucedido durante estes quinze anos. E os outros... O que dirão? Não importa, encararão a nossa doce realidade. Quanto à minha irmã irá prosseguir a sua vida de mãe de família e perdoar-nos-á desta traição e das angústias que lhe foram causadas.

Seremos felizes, sei que sim, sei porque o sinto neste fresco cheiro a erva-cidreira que vem a caminho. Viveremos nesta casa junto ao rio, sozinhos e apaixonados até ao final das nossas vidas. Tenho a certeza absoluta.
É agora, ele voltou!... Não me enganei... É ele!

Sílvia Diniz - nº 25 - 10º B

 

                                                                                                            

 


 

 

Não revelei a parte mais complicada e verdadeiramente angustiante da minha história. Naquelas semanas em que ele cá esteve, no décimo primeiro dia, a minha irmã pediu-me para falar com ela, pois tinha de me contar algo verdadeiramente importante. Naquele dia o meu corpo todo tremia, estava completamente arrependida, mas o que poderia ter feito? Era mais forte do que eu, não consegui resistir ao seu corpo, ao seu sorriso, ao seu profundo olhar, ao seu odor, ao calor que emanava… Ao jantar nem consegui sequer comer, os dedos tremiam ao pegar naquela colher de prata, de tão nervosa que estava, e para não levantar suspeitas, retirei-me para o quarto por instantes. Estava frio e já passava da meia-noite, ela esperava-me na sala, debaixo do velho candeeiro. Não perdeu tempo e foi directa ao assunto:
 Ele traiu-me. Eu própria o comprovei – disse baixinho, mas com uma voz triste e melancólica. E num instante, acrescentou:
 Se eu não for feliz ao lado dele, mais ninguém será!
Fiquei perplexa. Ela sabia de tudo... só não sabia que quem tinha dormido com o seu noivo durante aquelas doze fantásticas noites, tinha sido a sua própria irmã. Ficámos as duas em silêncio por momentos, estava surpreendida com toda a situação e não consegui pronunciar nem uma única sílaba. De repente ouviram-se passos no corredor e disse-me que acabaríamos a conversa no dia seguinte.
No dia seguinte lá estava ela, com o seu vestido rosa e com um sorriso cínico no rosto. O ódio e a vingança tinham-se apoderado dela. E eu não era capaz de contar a ninguém da minha família, pois todos nos julgavam raparigas sensatas e delicadas, umas verdadeiras princesas...
Não me restou outra alternativa, estava insegura, sentia-me culpada, sentia-me uma cobarde por não ter enfrentado a situação e não lhe ter dito a verdade, a sua própria irmã era uma traidora, mas não, apesar de ser forte e determinada, naquela altura não consegui contar-lhe, e preferi dizer ao homem que amava e com quem dormi todas aquelas noites para fugir. Combinámos que logo de madrugada ele partiria. Mas a promessa de casamento ficou a pairar no ar... como o cheiro da erva-cidreira.
Durante todo este tempo, estive à espera dele. A minha irmã já está longe, em França, e nada agora nos separa.
Até ao mês passado não tinha recebido notícias algumas dele. Mas agora eu sei, eu sei que ele chegará hoje, com o seu cheiro a erva-cidreira, e ficaremos os dois nesta casa junto ao rio, pois a nossa história só agora vai começar…

Janaína Maurício – nº 10 – 10º B

                                                                                                                                                                                                                                                     


 

 

Na realidade esse homem voltou, mas acompanhado por uma mulher com uma criança. Quando bateram à porta, eu estava ansiosa, mas o cheiro a erva-cidreira não deixou dúvidas e tive a certeza quando o vi.
Mas quando me apercebi que ele estava acompanhado, a alegria que estava estampada no meu rosto desapareceu subitamente e senti-me enganada. Provavelmente aquela seria a sua mulher e a criança, sua filha.
Naquele momento eu disse-lhe que ele era um mentiroso, que me tinha dito que voltaria para se casar comigo e afinal já era casado e tinha uma filha.

Eu ia a fechar a porta, quando ele me impediu dizendo que aquela mulher era sua irmã e que a criança era sua sobrinha e acrescentou que tinha voltado para se casar comigo como tinha dito há quinze anos. Então convidei-os a entrar e pedi desculpa por o acontecimento de ciúmes que fizera. E passados todos estes anos, vamos finalmente casar...

Raquel Teixeira - nº 24 - 10º C

                                                                               

 


 

 

                                                                           

Três horas depois alguém bateu à minha porta. Era ele. Passou lá a noite e partiu ao nascer do sol.
Procurei-o no dia seguinte. Cheguei ao seu quarto de hotel e quem abriu a porta foi uma mulher. Ao fundo estava ele com uma criança nos braços. Nem queria acreditar no que via. Corri e só parei em casa. Como pude pensar que nada tinha mudado nestes quinze anos...?!
Só me voltou a procurar na semana seguinte. Não abri a porta. Deixou uma carta deduzindo que não o quisesse ouvir:
  “Sei que o que viste foi difícil para ti, mas tenta compreender... Passaram quinze anos... Passou uma vida... Na altura pensei que o que tivemos fosse para sempre, mas com o decorrer do tempo tudo se desvaneceu. Não contava que ainda me esperasses... Segue a tua vida e não me procures... Não quero abrir feridas do passado agora saradas... Apenas quero que saibas que o que disse à quinze anos atrás foi sincero.”
Não sei o que o levou a crer que eu o procuraria. Nunca sofri tanto como agora. Nem uma simples explicação! Apenas um descargo de consciência! Todos estes anos de espera em vão... Porque é que me procurou quando chegou? Como foi capaz de ser tão insensível?! São questões às quais nunca obtive resposta.
Até hoje estou sozinha nesta casa à beira rio, distanciada da minha família, pois nunca mais fui capaz de confiar em nenhum homem depois deste incidente que me marcou para sempre.


Ana Gonçalves - nº 3 - 10º B

                                                                         

 


 

 

                                                                    

Ali estava ele. Atrás da porta. Eu sabia-o! O cheiro a erva-cidreira não me deixava enganar. Abri a porta e olhei-o nos olhos. Estavam diferentes. Não precisei de palavras para o perceber. Olhavam-me de uma forma fria que eu não compreendia. Já não tinham aquela chama, aquele brilho. Sabia que ele não tinha voltado para casar comigo, mas sim para me dizer para seguir em frente com a minha vida.
Não muito longe vi uma criança, que devia ter os seus dez anos, a apanhar flores. Eu sabia que aquela linda menina, de cabelos ruivos e olhos verdes como esmeraldas, era a sua filha. A filha que devia ter crescido em meu ventre, que eu devia amar com todo o meu coração.
Ele foi-se embora levando-a pela mão, mas o cheiro a erva-cidreira não se foi com ele. Continua a perseguir-me. Penso que jamais me abandonará!...

                                                                                                    

Cátia Pereira - nº 10 - 10º C

                                                                                

 


 

 

Este foi o dia em que me senti mais ansiosa em toda a minha vida, tinha o coração cheio de certezas que ele ia voltar para casar comigo, mas por momentos pensava que talvez não voltasse, pois porque teria ele demorado quinze anos?

Nesta manhã, acordei com uma grande mistura de sentimentos dentro de mim. Levantei-me e ao abrir a janela avistei ao longe um homem que montado num cavalo, vinha em direcção à minha casa. Por momentos nem me ocorreu que poderia ser ele, o homem da minha vida, dos meus sonhos. Só depois pensei que aquele era o dia em que ele iria chegar!

O homem aproximava-se cada vez mais de minha casa e eu ia conseguindo ver-lhe os traços do rosto, cada segundo que passava eu ficava mais inquieta.

Passados alguns minutos, ele estava à minha porta, eu estava incrédula, mas ao mesmo tempo uma alegria enorme invadiu o meu coração.

Saí para a rua e fui ao seu encontro, ele desceu do seu belo cavalo branco e para minha grande alegria ajoelhou-se diante de mim e disse: “Prometi-te que voltaria para casar contigo, e aqui estou! Por favor diz-me que ainda me amas, e que aceitas casar comigo.”

Um grande sorriso e um enorme “Sim” foram a minha resposta. O meu grande sonho tinha acabado de começar a realizar-se. O homem que amava, desejava e que eu tinha escolhido para estar a meu lado, tinha finalmente, ao fim de quinze anos, voltado. E desta vez para ficar!...

 

Patrícia Sousa – nº 17 – 10º B

                                                                                       

 


 

Estava a chover e o cheiro a erva-cidreira tornava-se cada vez mais intenso à medida que o tempo passava. O homem que eu esperava há mais de quinze anos tardava em chegar, mas eu sempre tive a esperança de que ele acabaria por voltar, por mais tarde que fosse.

Ele chegou, e o cheiro a erva-cidreira lá estava, mais forte do que nunca. Assim que o vi, corri para os seus braços e abracei-o, com as saudades de quem não o via há quase uma eternidade.

Porém, quando ele disse que tinha voltado, mas não para casar, porque não seria justo para com a minha irmã, a minha esperança desapareceu.

Assim como o cheiro a erva-cidreira.

Foi assim, desiludida, que voltei para a minha casa junto ao rio, à espera que parasse de chover, para poder voltar a sentir o cheiro a erva-cidreira.

 

Sofia Figueiredo - nº 26 - 10º B

                                                                                

 


 

Aquele foi o dia mais marcante da minha vida!

Infelizmente marcou-me pela negativa, ao contrário do que eu esperava... 

Para minha grande decepção ele voltou, mas não foi para casar comigo, tal como tinha prometido. Voltou e disse-me que não conseguiria fazer tal crueldade à minha irmã e que portanto iria casar com ela e não comigo.

Foi o dia mais infeliz da minha vida!... Nunca mais consegui olhar para um homem, pois estava demasiado decepcionada para o fazer!

 

João Ferreira – nº 10 – 10º E

                                                                                                        


                                                                                                              

Hoje, passado tanto tempo o cheiro a erva-cidreira voltou, mais forte do que nunca, dizendo-me que o vou reencontrar. Passou muito tempo desde a última vez que os nossos corpos estiveram juntos mas os nossos corações nunca se separaram, isso eu sei...

De repente sinto um desejo incontrolável de ir à beira-rio, um instinto como o de beber água para viver... Foi então que vi o seu reflexo na água… O seu rosto está cansado, mas ainda não se deixou apanhar pelo passar dos anos. Olho uma vez mais para os olhos daquele homem que sempre amei e vejo que também ainda me ama a mim. Não são precisas palavras... Num único beijo dizemos tudo o que crescera nos nossos corações durante quinze longos anos de espera. Em silêncio continuamos, tudo o que temos para contar um ao outro pode esperar até amanhã. Passaremos a vida juntos... Agora só temos de percorrer o rio até à sua foz e ver o que esta nos aguarda, pois são os pequenos detalhes, como o cheiro a erva-cidreira, que me fazem amar esta vida e este homem que hoje me procurou mais uma vez.

Ana Cruz - nº 2 - 10º B

 

 

 

post-scriptum às 19:33

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Quarta-feira, 25 de Abril de 2007

O Nome das Coisas

                                                                                                                           

Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo

                                                              

Sophia de Mello Breyner, 1977

post-scriptum às 15:27

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Segunda-feira, 23 de Abril de 2007

DIA MUNDIAL DO LIVRO - RODA DE LEITURA

   

Um actor do Grupo de Teatro dos Serviços Sociais

dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Palmela 

                               +

 um grupo de leitores da Escola Secundária de Palmela

 

 ...todos à roda de um texto narrativo de José Gomes Ferreira.

 

Os alunos da Escola Secundária de Palmela agradecem ao Grupo de Teatro dos Serviços Sociais dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Palmela a sua presença e colaboração nesta sessão especial da «Roda de Leitura» no DIA MUNDIAL DO LIVRO.

                                                                                               

«Era uma vez um rapaz chamado João

que vivia em Chora-Que-Logo-Bebes...»    

                                                                                          

                                               RODA DE ALUNOS...

                                            RODA DE CRAVOS... 

                                            RODA DE LIBERDADE!

 

Um «panfleto mágico em forma de romance»...

                                                                                             

         AVENTURAS DE JOÃO SEM MEDO

 

                         «PROIBIDA A ENTRADA 

                           A QUEM NÃO ANDAR

                        ESPANTADO DE EXISTIR»

                                                                                                                                                                    

Esta Roda de Leitura, para mim, foi a mais divertida.

Ultrapassou todas as minhas expectativas.
Foi muito interessante criar uma história em conjunto (pessoas tão diferentes umas das outras!) que por acaso era totalmente diferente da verdadeira.
Gostei muito da representação que o actor convidado fez e fiquei muito surpreendida ao ouvir o grito "Liberdade!..." A partir daí fiquei "presa" ao que se estava a passar. Penso que também foi bastante interessante o senhor dar a conhecer a sua vivência do 25 de Abril de 1974.
Fechámos estas Rodas de Leitura com chave de ouro.

Bem-hajam pela iniciativa!...

Espero por mais!...

                                                    

Maria João Oliveira - nº 22 - 10º C

                                                                                                                                                         
Esta Roda de Leitura à semelhança da 2ª, que também foi com este actor foi, engraçada, interessante e dinâmica… Enfim, divertidíssima. A escolha do excerto do livro “João Sem Medo” foi bastante interessante, pois eu tinha uma interpretação diferente da que foi dita. A “brincadeira” (que não o foi) sobre o 25 de Abril, na minha opinião foi bastante curiosa, porque já que se vai festejar esta data, foi uma boa ideia o actor ter dito aquelas frases um pouco provocatórias e que provocavam uma reflexão interior sobre este acontecimento, a que devemos a nossa liberdade.

Tal como o actor convidado disse: “VIVA A LIBERDADE!...”

Espero ansiosamente a 5ª Roda de Leitura.

                                                             
Carina Batista – nº 7 – 10º C

                                                           

Eu gostei bastante da Roda de Leitura do dia 23 de Abril.

Nunca tinha participado e achei bastante engraçado, com um certo ambiente de brincadeira entre todos os alunos, a professora e o actor.

Gostei muito do actor! Bastante simpático e divertido.

Fiquei realmente surpreendida. Acho que esta actividade é importante e é uma forma descontraída de aprender e, ao mesmo tempo entrar num mundo de leituras, histórias, imaginação e sonho...

Acho que é um projecto a continuar e a investir, pois é uma hora muito bem passada. 

Gostei bastante e estarei nas próximas rodas!

                                                                     

Carolina Barreira - nº 3 - 10º E

                                                                        

Esta Roda de Leitura foi mais dinâmica e divertida do que as anteriores.
Achei interessante a escolha do livro As Aventuras de João sem Medo porque já o tinha lido, por isso fui mais participativa.
O actor foi muito divertido e a relação que fez com o Dia da Liberdade foi interessante. Nunca tinha pensado nessa interpretação do livro.
Também achei engraçado o rumo que deram à história da princesa nº 46734, porque a imagem da princesa estava presa num rio e não havia maneira da a salvar... Um pouco diferente do que se disse na Roda de Leitura.
Foi uma boa maneira de celebrar o Dia Mundial do Livro!...

 

Raquel Teixeira - nº 24 - 10º C  Cátia Pereira - nº 10 - 10º C


Penso que esta foi a melhor roda em que participei. Foi muito dinâmica e interessante. A ideia de sermos nós a continuar uma história tornou-a mais divertida. Gostei imenso!

Foi uma maneira fantástica de celebrar o Dia Mundial do Livro e ainda o 25 de Abril.

                                                             

Cátia Pereira - nº 10 - 10º C


                                                                                         
post-scriptum às 22:52

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Quinta-feira, 19 de Abril de 2007

PRÓXIMA RODA DE LEITURA - 23 DE ABRIL

       DIA MUNDIAL DO LIVRO

 

  

                                                                                                                         

 

...À RODA DAS AVENTURAS DE JOÃO SEM MEDO

        (planfeto mágico em forma de romance)

   

                                                                                                                             

  

                                                                                                                                                                             

«Era uma vez um rapaz chamado João...»

                

                                                                                                            

  

        Aventuras de João Sem Medo

 

Romance publicado em Lisboa em 1963, na Colecção Contemporânea da Portugália Editora. A 2ª e 3ª edições saíram em 1974, na mesma editora, com o subtítulo "panfleto mágico em forma de romance". As publicações posteriores ficaram a cargo das "Edições D. Quixote". Na última parte da dedicatória que abre esta obra, afirma o autor que "As Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo" são um "divertimento escrito por quem sempre sonhou conservar a criança bem viva no homem" (e o próprio autor dizia recusar-se a ter mais de 20 anos). "E poucos livros conseguiram operar de forma tão nítida este prodígio: foi escrito para a juventude, mas os chamados adultos identificaram-se plenamente com o universo mágico que ele encerra" - como diria anos mais tarde José Jorge Letria. Mas aquilo que à primeira vista é apenas um "divertimento literário", serve também de panfleto irónico ao Portugal do Fascismo, com o seu atraso em relação ao resto do Mundo civilizado ("Os relógios não marcavam as horas, os minutos e os segundos, mas os séculos", como escreve o autor numa passagem da obra), os seus dramas - a falta de liberdade de expressão e representação, a alienação no plano político, a negação do indivíduo como actor-sujeito, a recusa da sua transcendência - e lutas quotidianas em tempo de repressão (metaforizado na aldeia "Chora-Que-Logo-Bebes", onde nasceu João, o protagonista da obra, e obsessivamente em muitos outros espaços. João, por exemplo, durante o seu percurso circular de saída e retorno à casa da aldeia, anda atento - com os olhos do corpo e os da alma - ao que o rodeia, enxergando um mundo diferente que o espanta, uma vez que é um mundo de regras diferentes e às avessas - a tristeza faz rir e a alegria chorar, anda-se de mão no chão e pés para cima, invoca-se o "Diabo das Alturas", etc -, onde tudo se transforma, e em cujo processo transformativo nem o próprio João escapa. A situação psicológica do espanto é partilhada pelo autor, face ao seu próprio mundo). João Sem Medo é um dos sujeitos irónicos da obra, ironizando sobre tudo o que lhe acontece, inclusivamente mostrando saber que está vivendo dentro de um determinado modelo narrativo (a certa altura, por exemplo, pensa que haverá de agir "como todos os heróis de contos populares nas circunstâncias em que me encontro". Dirige-se também ao narrador como uma personagem plurificada: "Não me digam que aqueles cabeças de vento se esqueceram da luzinha para me guiar. E agora? O que hei-de fazer ao raio da vida sem a luzinha?" Esta e outras personagens parecem ser leitoras delas próprias, analisadoras e críticas do narrador que as conta, e quase interpretadoras do próprio autor, que paga com a mesma moeda da ironia, a ironia de que é alvo por parte das personagens). Depois da sua viagem (e nomeadamente depois de passar pelo "Vale das Experiências"), João Sem Medo parece ter descoberto a verdade em si, e pretende regressar à sua aldeia natal como um Messias ou D. Quixote (capaz de todos os "golpes de Estado"). Mas o que é certo é que não consegue assumir-se como mais do que um "agente-desalienante" (aprisionado dentro de um sonho), tal como José Gomes Ferreira não conseguiu ser mais do que um combatente cuja luta só se poderia concretizar no plano dos "Projectos". A crítica de Alexandre Pinheiro Torres a esta obra (in "Vida e Obra de José Gomes Ferreira), é clara e deixa praticamente tudo dito àcerca dela : “Livro sem qualquer paralelo na literatura europeia de hoje, ganha no confronto em relação a outras célebres alegorias políticas (...)”

 

 

 

post-scriptum às 23:27

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Terça-feira, 6 de Fevereiro de 2007

RODA DE LEITURA - poesia portuguesa contemporânea

Esta 3ª «Roda de Leitura» foi bastante maçadora!
Mas fico à espera da próxima...
Tenho curiosidade noutros temas.
                                                                                                                                                                              
                                                                  Ana Sofia Martins - nº 5 - 10º C
post-scriptum às 15:55

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Quinta-feira, 1 de Fevereiro de 2007

RODA DE LEITURA - poesia portuguesa contemporânea

Acho que esta Roda de Leitura foi um pouco maçadora e os alunos não participaram muito.
Mas mesmo assim teve aspectos interessantes...
                                                                                                               
                                                                 Raquel Teixeira - nº 24 - 10º C
 
 
Esta 3ª «Roda de Leitura» na minha opinião foi a menos interessante. (...) Parecia mais uma Roda de Leitura sobre história da literatura portuguesa e estrangeira do que propriamente sobre a poesia de Almada Negreiros e Mário Henrique Leiria... Apenas dois poemas de Almada Negreiros.
Foi bastante maçador... também porque nós, alunos, não participámos muito.
Apesar de tudo achei uma mais valia para mim.
Espero ansiosamente pela próxima «Roda»...
                                                                                                                      
                                                              Carina Batista - nº 7 - 10º C
post-scriptum às 18:28

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Quarta-feira, 31 de Janeiro de 2007

RODA DE LEITURA - poesia portuguesa contemporânea

       A.T.A. - Acção Teatral Artimanha

   ...«levanta os olhos e a voz                                                                                                               

        abre a boca 

        solta o poema!...»

                                              

        Al Berto

                                                                                                                                                           

Os alunos da Escola Secundária de Palmela agradecem a «acção teatral» do actor Rui Guerreiro do Grupo «Artimanha»

 

post-scriptum às 15:51

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Segunda-feira, 8 de Janeiro de 2007

PRÓXIMA RODA DE LEITURA

 ...à roda da poesia portuguesa contemporânea

 

 

 

                   «poesia... voo sem pássaro dentro»

                                        Adolfo Casais Monteiro

 

post-scriptum às 18:54

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Quarta-feira, 13 de Dezembro de 2006

RODA DE LEITURA - Tempo de Poesia - ANTÓNIO GEDEÃO

 

Apesar de não gostar muito de poesia gostei desta "Roda de Leitura".
Acho que o actor esteve muito bem... Acredito que seja muito difícil representar um poema.
Penso que o ambiente desta Roda foi muito diferente do da primeira, talvez por estarem presentes muitas mais pessoas.
Espero uma próxima Roda ainda melhor que esta!...
                                                                                                                                                                                                 
                                                                       Cátia Pereira - nº 10 - 10º C

 

Esta segunda «Roda de Leitura» foi muito mais interessante e emocionante que a primeira, pois assistimos à actuação de um actor de um grupo de teatro amador e cada aluno/professor teve a oportunidade de participar na roda, tornando-a mais divertida.

Até podemos dizer que:
                                       "Com a leitura dos poemas de Gedeão
                                         A roda foi uma diversão."

 

                                                                        Miguel Lobo - nº 29 - 10º C


post-scriptum às 22:25

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Quarta-feira, 6 de Dezembro de 2006

RODA DE LEITURA - Tempo de Poesia - ANTÓNIO GEDEÃO

                                           

                                                                                                                       O Grupo de Teatro dos Serviços Sociais dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Palmela saúda todos os fazedores da Roda de Leitura.

Foi um prazer partilhar sentidos em forma de letras.

Estaremos sempre presentes, em caso de chamada, na roda para teatrar e o resto.

Obrigado

O Grupo

 

post-scriptum às 18:16

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Quinta-feira, 30 de Novembro de 2006

RODA DE LEITURA - Tempo de Poesia - ANTÓNIO GEDEÃO

 

 

«Todo o tempo é de poesia.

 

Desde a arrumação do caos                                                                                 à confusão da harmonia.»

 

Um actor do Grupo de Teatro dos Serviços Sociais da C. M de Palmela 

                               +

 um grupo de leitores da Escola Secundária de Palmela

 ...todos à roda dos textos poéticos de António Gedeão...

 

Os alunos da Escola Secundária de Palmela agradecem ao Grupo de Teatro dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Palmela a sua presença e colaboração na 2ª sessão da «Roda de Leitura».

      

 

     

 

A Carina Batista escreveu logo, no próprio dia da «Roda», o seguinte comentário:

 

«Esta segunda «Roda de Leitura» sobre Rómulo de Carvalho /António Gedeão foi muito melhor do que a primeira. Foi muito mais interessante pois cada um poderia escolher um poema com que se identificasse mais.
Desta vez a participação encenada de um actor de teatro amador foi uma ideia bastante criativa e divertida, dando um ar diferente à «Roda»!... O final da «Roda» a ouvir o poema Pedra Filosofal, cantado por Manuel Freire, foi excelente.

Pode dizer-se que a «Roda» foi encerrada em beleza...

 

Carina Batista - nº 7 - 10ºC

                                                                                                                                                                           

O Diogo Santos escreveu mais tarde:


 

Finalmente participei numa "Roda de Leitura"!...
Foi extremamente interessante e divertido, ainda para mais com a representação de um poema ao vivo! O actor esteve sensacional porque conseguiu prender toda a atenção dos alunos/espectadores do princípio ao fim...
Está de parabéns esta «Roda de Leitura» e que venha mais uma!...


Diogo Santos - nº 6 - 10º E


 

post-scriptum às 22:19

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Quarta-feira, 22 de Novembro de 2006

PRÓXIMA RODA DE LEITURA

 

ANTÓNIO GEDEÃO - O «POETA DA CIÊNCIA»  

                                                                                                                      

             H2 O + NaCl  

                                                                                                                                                                            

Centenário do nascimento de Rómulo de Carvalho
                         

António Gedeão é uma pessoa rara. Nasceu poeta, tornou-se professor de Física e deslumbra-nos porque combina palavras com a serenidade, a certeza, a perícia de quem mistura sais.

Quando decidiu publicar o primeiro livro, em 1956, fê-lo em segredo. Não contou a ninguém, escondeu-se atrás de um pseudónimo e até a sua mulher recebeu um exemplar autografado pelo correio!

Colhidos de surpresa, os críticos não pouparam elogios. Mas interrogavam-se: afinal quem é este homem? A resposta aí está: António Gedeão nasceu a 24 de Novembro de 1906, no Bairro da Sé, em Lisboa, e foi baptizado com o nome de Rómulo. Rómulo de Carvalho. Cresceu rodeado de carinho e aprendeu a ler em casa, sob a orientação da mãe e da irmã Noémia. Tinha apenas cinco anos quando espantou a família apresentando o seu primeiro poema. Na escola, também deixou os professores assombrados porque lhe bastaram dois anos para adquirir os conhecimentos que habitualmente se distribuem por quatro. Ele próprio recorda esses tempos com um vago sorriso de ternura:

“Fiz exame de admissão ao liceu com oito anos e fiquei aprovado. Mas como não tinha idade para frequentar as aulas, continuei na escola primária que era um andar na Travessa do Almada. Ocupava o tempo a ensinar os mais novos. Essa foi a minha primeira experiência como professor. Se calhar, despertou ali a minha vocação…”

O estudo, sempre grande fonte de prazer, veio levantar-lhe um problema difícil: seguir Letras ou Ciências? Igualmente atraído pelos dois campos, acabaria optando pelas Ciências. “Considerei que assim tinha acesso a uma maior vastidão de conhecimentos e preparava o espírito para me apoderar das Letras por conta própria. Fiz o curso de Físico-Químicas na Faculdade de Ciências do Porto porque quis afastar-me de Lisboa, onde o excesso de solicitações me dispersava. No Norte não conhecia ninguém e podia, portanto, mergulhar no estudo a tempo inteiro. Sem nunca abandonar a leitura. Mantive-me atento ao mundo literário. E nas horas vagas dava explicações. Acho que quis ser professor por causa disso. Apercebi-me que podia ser útil, que transmitia o saber com facilidade.”

O percurso do poeta transparece na obra: linguagem específica das Ciências, clareza invejável e um imenso talento.

“Não há não,
duas folhas iguais
em toda a Criação.
Ou nervura a menos,
ou célula a mais,
não há com certeza,
duas folhas iguais.”

Até parece fácil. E para ele, é. “Nunca estive sentado diante de uma folha de papel à espera de inspiração. As palavras ocorriam-me espontaneamente, muitas vezes a propósito do quotidiano e compunha o poema de cor onde quer que estivesse. Depois, chegava a casa e escrevia.”

Esta espontaneidade confere um ritmo muito especial aos poemas. O ritmo da própria música.

“Eles não sabem que o sonho
é uma constante da  vida
tão concreta e definida como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,…”

                                                                                                                                   

* Excerto de entrevista concedida por Rómulo de Carvalho
a Ana Maria Magalhães - para Jornal do Gil -Expo 98

 

post-scriptum às 16:11

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE PALMELA


Este blog persegue os objectivos do «Plano Nacional de Leitura» e promove, paralelamente, a participação da Escola Secundária de Palmela no «Projecto Ler Consigo» da Associação de Professores de Português/APP.

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